terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sujeira!

Eis que aparecerão aqueles que defendem jogar lixo nas ruas por falta de lixeira. Ora, se não tem lixeira jogo no chão mesmo? Como assim? Eu não posso segurar o meu próprio lixo? Devo compartilhá-lo com meus demais conterrâneos? Muy amigo, hein! Pois é assim que a grande maioria pensa e age. Há pouco tempo, o prefeito Eduardo Paes chamou a população do Rio de porca. Pela primeira vez tive que concordar com ele. Mas a população se indignou. Com certeza, quem não joga lixo no chão não se ofendeu, porque sabe que infelizmente a minoria paga pela maioria.
Quem prestar a atenção verá cenas bizarras de motoristas de táxis, ônibus, carros de passeios, todos abrindo suas janelas e jogando copos e papel de biscoito pela janela com a maior tranquilidade. Por que não deixar dentro do carro? O seu lixo! No carro não pode, mas na rua não tem problema? E as pessoas que andam pelas ruas e vão jogando todo tipo de lixo no chão. Também não podem segurar seu lixo e jogar no seu trabalho, em casa ou numa lixeira mais adiante? Não, não pode. Posso consumir, mas não vou guardar o lixo que foi produzido por mim.
Vimos recentemente nos blocos. Rua limpa. Três horas depois da passagem do bloco: rua imunda. Rua esta em que moram outras pessoas que nada têm a ver com os blocos, e encontram sua rua e a porta da sua casa como lixeira e mictório. Será que você ficaria feliz se fosse a sua rua? E se de repente cai um temporal? Todo aquele lixo vai pra os bueiros. Aí vem a enchente, e a água suja e o lixo vão para dentro da sua casa e do seu carro. Neste momento você vai culpar a prefeitura. Talvez você não tenha jogado o seu lixo na porta da sua casa, mas jogou na porta dos outros e os outros jogaram na sua. Pronto, todos vão pagar o pato. Até quem em hipótese alguma joga lixo no chão. Batemos no peito para falar que o Rio é a cidade mais feliz do mundo, com uma gente alegre, receptiva, praias e blá blá blá. Praias? Dêem uma olhada nas praias no fim de um sábado de sol! Lixo, garrafas, objetos cortantes, contaminação, fezes... Será que é bacana olharmos para as areias assim, darmos um mergulho e nos depararmos com uma fralda? É legal vivermos pulando o lixo nas calçadas? Vendo o seu lixo residencial sendo colocado às 11h na rua, sendo que o lixeiro só vai passar às 18h? Eu acho é que temos muito o que aprender. Primeiro a respeitar o próximo, aquele cidadão que mora na mesma cidade que você. Já nos desrespeitamos diariamente no trânsito, nos xingamos, atrapalhamos a vida de muitos com nossas bandalhices. E ainda sim fazemos das ruas uma extensão do lixo de casa? Francamente. Palmas para os garis! Mesmo ganhando pouco, são eles os responsáveis por acharmos que a cidade é limpa. Estão nas praias às 5h para deixá-las limpas para os porcalhões. Aliás, acho que a cidade não gosta deles, pois faz questão que dar muito trabalho para os laranjinhas, debaixo deste sol. E pensar que vemos muita gente esclarecida, de boas condições, no alto de seus carrões, fazendo exatamente igual às pessoas que não tem um pingo de instrução. Mas, quem se importa!? Precisamos sujar para gerar empregos, né? E depois queremos ser primeiro mundo!
João Carlos

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