quinta-feira, 22 de abril de 2010

'A paz no Rio está seriamente ameaçada'

Segurança pública

Publicada em 20/04/2010 às 13h24m - O Globo

Artigo do leitor Milton Corrêa da Costa
Seria cômico se não fosse trágico. O GLOBO desta terça-feira, 20/04/10, com destaque na primeira página, traz importante e preocupante matéria do jornalismo investigativo, de autoria de Antônio Werneck, noticiando que as duas maiores facções criminosas do Rio, o Comando Vermelho e os Amigos dos Amigos ( ADA) - o jornal não cita os nomes para acertadamente não glamourizar tais quadrilhas - reuniram-se no fim de semana passado para traçar (pasmem os senhores) "estratégias" de enfrentamento às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) , um modelo inovador de policiamento comunitário, baseado na parceria polícia/comunidade que vem trazendo resultados significativos, inclusive com queda acentuada de índices de criminalidade nas localidadaes e entornos onde foram instaladas. Ou seja, até os bandidos, rivais até então, parecem que se renderam ao objetivo da paz.
Mas a questão não é exatamente a da nova estratégia dos narcoterroristas. O que assusta é a ousadia do fato, a audácia e a afronta ao poder público. Houve, segundo a notícia, uma carta do tráfico ("pauta da reunião de cúpula") - alguns "chefes" não compareceram - onde seria proposto e selado o pacto de não agressão ao projeto das UPPs. Será que tal projeto foi capaz até mesmo de unir o até então inimaginável? Tal possível constatação parece que assusta e atemoriza ainda mais a sociedade do bem.
Já pensaram se as três facções - há ainda o Terceiro Comando - resolvem, na próxima "reunião de cúpula", se unirem de vez? Qual seria, em números aproximados, o total do contingente do tráfico em função da possível união? E o quantitativo de armamento de guerra, de alto poder de destruição, do novo "Exército de Terroristas"? Qual seria, doravante, a constituição dos novos pelotões dos "bondes do terror"? Qual será o novo redirecionamento das ações criminosas para suprir o baque financeiro com o advento da UPPs? O que ficou decidido naquela reunião? Assaltos a bancos, arrastões a motoristas, sequestros relâmpagos, ataques a guarnições policiais? São perguntas ainda sem respostas, porém questões extremamente preocupantes.
O poder paralelo, ao alcançar com a inusitada reunião - representantes de 45 favelas ali compareceram - um importante espaço de mídia, ganhou ponto. Mostrou que está vivo, ousado e mais do que nunca atento às estratégias de contenção policial, que vêm claramente prejudicando seu lucros. Ao contrário, parece-me que faltou inteligência policial para detectar tal fato e prender em flagrante a maior parte da "cúpula do tráfico" do Rio, naquele momento reunida na Favela do Grota, no Complexo do Alemão, quartel general do narcoterrorismo no Rio. "Temos um feriado à frente e isso nos preocupa", disse um policial da cúpula da segurança do Rio. Todos nós, senhor policial, cidadãos fluminenses, estamos preocupados. Preocupa-nos, e a polícia precisa ter conhecimento imediato do conteúdo da "ata" da ousada reunião, antes que eles descubram que a união faz a força.
Se tais forças do mal, daqui em diante, resolverem se unir nas ações de terrorismo e de guerrilha urbana (elemento surpresa), será preciso muita inteligência e obstinação policial para enfrentar o novo e perigoso cenário. Quem sobreviver à guerra do Rio verá. Por enquanto, o segredo da paz é a eterna vigilância. Que a inteligência policial, na próxima reunião da "cúpula do tráfico", se antecipe aos fatos. Não se pode esperar que o Rio se transforme numa nova Colômbia. A prisão imediata dos "dirigentes" e "soldados" do tráfico que ali compareceram ou não é ponto de honra para o aparelho policial. Antes que seja tarde. A sociedade fluminense o exige. A paz social está seriamente ameaçada.

Um comentário:

  1. A memdida a meu ver já era esperada. Como o Beltrame mesmo disse, Os Criminosos sao profissionais (em sua area) e com a ameaça do estado de retomar o controle estao tomando as medidas para contraagir.

    No mundo empresarial vemos isso o tempo todo. Um banco compra o outro. Uma telefonica compra a outra para se fortalecer no mercado.

    Aqui é a mesma coisa. Cabe agora o estado intensificar ainda mais o combate. Quando duas empresas se fundem há sempre um periodod de instabilidade. Esta na hora da policia aproveitar esse fato e quem sabe requisitar a Força Nacional, ou ate memso o exercito para acellerar a expançao das UPPs enquanto nao se formam novos policiais de forma defenitiva.

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